Era uma vez uma cama e duas pessoas.
Um sofá-cama e dois corações, na verdade.
Ela sorria enquanto mexia com as plantas, e ele sorria por simplesmente ter uma linda visão de uma bela mulher sorrindo.
Um trago e uma risada.
Um pouco de tosse às vezes.
Cof cof.
- Bebe água.
E ele a beijava enquanto ignorava a indicação.
Ambos ignoravam a brasa que se apagava por conta do beijo de longa duração e quando iam reacender, riam de si mesmos, por se encontrarem assim por mais uma noite, e então selavam a risada com um pequeno beijo.
- Apaga a luz.
- Você tá mais perto.
- Preguiçoso.
E ela o beijava, mantendo o sorriso em seu rosto e acariciando o dele, que também sorria constantemente.
Alguém cedia.
Luzes apagadas.
Tentavam vez ou outra fazer com que os beijos não fossem maliciosos e se bastassem em beijos, mas sempre falhavam. Desejavam-se muito, era inevitável.
Consumavam o desejo.
- Boa noite.
- Boa noite.
E ele beijava sua testa.
Após alguns minutos de silêncio, surgiam assuntos aleatórios. Às vezes engraçados, às vezes tristes e às vezes absurdos.
"Como ele pode pensar que um dia vai me perder?" Indagava ela.
"Até quando ela estará comigo? Não quero perdê-la!" Temia ele.
Convenciam-se da recíproca de seus sentimentos e dormiam.
Novo dia.
- Bom dia!
- Bom dia!
Se beijavam antes de seguir seus caminhos.
Ele, pro trabalho.
Ela, pra faculdade.
Mesmo em lugares distintos, ouviam dos outros que percebiam a evidente felicidade estampada em seus rostos "Você são muito diferentes... Uma hora isso acaba. São dois mundos distintos, não há como negar".
Concordavam com os olhares tristes.
Era mesmo verdade.
Mas a noite chegava e os olhares dançavam, fazendo-se pertencentes ao mesmo mundo. O mundo deles.
Sem gritos, murmúrios ou opiniões externas.
Sem problemas, sem obstáculos ou diferenças.
Com olhos brilhantes, corpos entrelaçados e risadas soltas.
Com mimos e agrados, com sorvete e até um mascote.
E riam-se por se encontrarem em completo estado de gozo.
- Eu te amo muito. - Dizia ela, com a voz infantil evidenciando timidez por ver-se tão entregue.
- Eu também te amo, minha princesa. - Dizia ele, com os olhos marejados, por sentir a sinceridade que poucas vezes sentiu na vida ao proferir tais palavras.
E era sempre assim.
E viveram felizes até o último dia em que estiveram juntos.
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