A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Enfiou uma colher tão cheia de sorvete de chocolate na boca que sentira sua cabeça doer e gelar, nas não gritou um palavrão como faria normalmente. Ficou ali parada, esperando até conseguir engolir todo o sorvete para que pudesse fazer o mesmo de novo. Em dez minutos foi-se metade do pote.
Perambulou pela casa, parou em frente ao espelho de rosto do banheiro. Ficou se olhando como quem espera uma resposta de uma pergunta que nunca existiu, e, como já imaginava, a resposta não chegou. Sentou-se no grande e vermelho sofá da sala, ligou a TV e mudou de canal de segundo em segundo, parecia até que realmente veria algo que estava sendo exibido. Enquanto uma mão apertava a todo momento o controle remoto, a outra acariciava o gato que já estava deitado no sofá desde o início do dia. Acariciou-o tão friamente que o coitado saiu com um miado que era de se dar pena. Desligou a TV. Deitou-se ali mesmo. Fechou os olhos.
Quinze minutos se passaram e ela não conseguia dormir. Tentou dormir em sua cama. Fracassou. Continuou ali deitada de olhos abertos no breu por um bom tempo. Eram sete e trinta e nove da noite e ela já desejava dormir para que o dia seguinte viesse e ela pudesse esquecer o que na verdade nem lembrava bem o que era. Estava nervosa, sentia seu coração apertar. Começou a lembrar de coisas, pessoas e momentos que a fizeram muito feliz. O nervosismo era tanto que o máximo que conseguiu arrancar de suas lembranças foi um ensaio de sorriso no canto do rosto.
Uma hora se passou e lá estava ela em sua cama, com o lençol todo desarrumado e o edredon jogado no chão, já que se virou tantas vezes que até sentia calor. Seus pais viam TV em seu quarto e achavam que a menina ja estava dormindo. Ela precisava conversar, mas o que seus pais entenderiam sobre isso? Alias, o que ela poderia explicar a eles para faze-los entender? Nada.
Resolveu ligar para algum amigo, qualquer que fosse, para ver se algum ja teve algum problema parecido. Pegou seu celular. Ficou alguns minutos olhando para o primeiro nome de sua agenda telefônica e então encontrou o problema e a solução: Amor.