A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Carta ao meu amor

Oh, moça bonita dos olhos que sorriem enquanto choram, por que faz isso comigo? Tu bem sabes que meu coração já não aguenta mais ver-te sofrer por conta desta dúvida.
Maldita! Dúvida maldita!
Se eu, mero mortal, pudesse amaldiçoar toda e qualquer coisa que te faz chorar, pode ter certeza que teus lindos olhos de jabuticaba apenas sorririam por conta do riso que sairia da alma e chegaria à boca. 
Essa boca desenhada, carnuda e aveludada. Esses lábios inferiores um pouco mais grossos que os superiores, os quais gosto tanto de mordiscar. Esses dentes quase que brancos demais que gosto de ver ao abrir os olhos, olhar pra baixo e ver o teu sorriso discreto ao final de cada beijo.
Ah, os teus beijos...
Como ousa pensar que eu os trocaria por outros quaisquer? Sinto-me, de certa forma, ofendido por pensares isso por um segundo que seja! O que mais quereria eu, senão a tua boca quente, a tua língua inquieta e teu hálito de melancia?
Já beijei outras bocas, já tive outras mulheres e já tive outros amores. A vida é longa e posso sim, um dia, deixar de amar-te e desejar outros corpos. Mas você consegue acreditar em mim quando lhe digo que realmente acho difícil que aconteça?
Você consegue entender o que quero dizer quando digo que te amo plenamente? 
Certamente não.
Uma pena.
Sabe, já derramei algumas muitas lágrimas por causar-te dúvidas. Não sabes o quanto dói ver-te duvidando da maior certeza que já tive em minha vida! Não sabes o quanto é aterrorizante pensar na hipótese de que um dia a dúvida aumente e não consigas mais confiar em mim. Não sabes o quanto sofro ao imaginar-me sozinho.
Sei que "sozinho" soa forte. Como já disse, já tive outras mulheres, e posso ter outras, e outras... Mas, por agora, se eu me vir com outra mulher que não você, sentir-me-ei sozinho, sim. Incompleto, vazio. Só.

Oh, meu amor, por favor, não chores! Toma esse lenço, enxuga essas lágrimas. Lava o rosto, toma uma água.
Não precisa se preocupar com nada e nem ninguém. Juro!

Está vendo? Conseguiu me fazer chorar... De novo.
Ah, meu bem, na verdade nem sei por quê choro. Não sei se é por vê-la assim, se é por medo de perdê-la, ou se é de raiva de mim mesmo por não conseguir mostrar a ti todo o meu vasto sentimento. Querida, se soubesses por um segundo o quanto eu amo você, não sofreria um minuto sequer, não derramarias mais nenhuma lágrima, e viveria plenamente feliz, com a certeza de que jamais estaria sozinha, em momento algum.
E se você sentisse por mim metade do que sinto por ti, consideraria-me o homem mais amado do mundo. 
E ainda que eu te amasse assim pra sempre e jamais retribuísses, estaríamos bem.

Porque eu tenho amor pra e por nós dois.