A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

domingo, 9 de junho de 2013

I

Às vezes eu saio, às vezes eu fico em casa.
Às vezes eu gosto, às vezes eu não gosto.
Às vezes eu rio às vezes eu choro.
Às vezes eu sei lidar bem com situações inusitadas, na maioria das vezes, não sei.

Independente do meu nome, da minha idade, de onde vim, de onde estou ou de onde me criei, eu sou como você. Somos idênticos, eu diria.
Talvez você esteja pensando que estou escrevendo para uma pessoa em específico ou que apenas estou exagerando quando falo de toda essa igualdade, mas, pensando qualquer uma dessas opções, está enganado.
Eu escrevo para todos.
Acredito numa diversidade existente em cada um de nós que age de forma diferente em cada ser, mas acredito que somos essencialmente iguais.
Acho que essa questão de fé não se deve explicar ou discutir muito. Não estou a fim de convencer ninguém de que estou certa ou que o outro está errado. Só estou falando tudo isso para que não haja surpresas ao longo da história. Não falo apenas de surpresas de identificação, mas também de surpresas surpreendentes, mesmo.
Enfim...

I

O mal que me assombrava há cerca de 5 meses parecia voltar. Não conseguia suportar a ideia de ter que encará-lo de novo, quanto mais tê-lo de novo. Afastei-o, então, me afastando.
Sim, fugi e usei uma metáfora para fugir de novo deste fato.
Pois bem, peguei meu celular, me arrumei, me maquiei e fui rumo a distração. Desde o início sabia que era momentânea, mas quem liga? Pelo menos por momentos o mal iria embora - ou pelo menos se camuflaria com um sorriso vazio, um coração cheio e uma boca quase explodindo com tanta coisa que precisava ser dita.
Peguei um táxi e fui.
Cheguei.
Entrei.
Elogios, brincadeiras, dança, bebidas, cigarros e beijos a noite toda. A tristeza se camuflou bem até demais, confesso.
Os planos de voltar pra casa acompanhada não foram bem sucedidos - não sei se por sorte ou falta dela - e, ao deitar-me para então descansar, a maldita retornou. Lembranças com forma, conteúdo, cores exatas e até mesmo com cheiros que até mesmo meu nariz entupido por conta do repentino frio que fazia ultimamente em minha cidade, que é quente por natureza, podia sentir. E sentia de longe!
E sentia muito...
Sentia muito por tê-lo deixado. Sentia muito por tê-los deixado, aliás.
Estava perdendo os homens de minha vida: O amor, as paixões, os amigos e o pai, que não ia lá muito bem de saúde.
Tinha como recuperar todos eles? Não. Tinha como recuperar a maioria? Facilmente, mas dificultava.
Senti tanto que senti até dor de cabeça. Bebida e choro são coisas que nunca combinaram. Tomei 30 gotas de seu calmante após ler na bula do mesmo que a superdosagem poderia apenas causar um coma de algumas horinhas. Sei que pode não ser algo bobo e insignificante. Sei, aliás, que é algo bastante sério, mas nada me poderia ser mais tentador que algumas horas sem lembrar de nada, sem pensar em nada... Quero dizer, toda uma eternidade desta forma parecia, sim, mais tentador. E coragem para levar-me a esta eternidade, muito mais.