A culpada
segunda-feira, 18 de junho de 2012
- Então ele arrastou uma cadeira, sentou-se ao meu lado e chamou o garçom. Pediu um vinho da safra de 72, que dizia conhecer bem e adorar. Bom, pelo menos eu adorei. Jantamos, rimos, conversamos, fizemos aquelas coisas costumeiras que garantem a felicidade, sabe? E aí veio a grande surpresa!
- O que?
- Ele me pediu em casamento!
- Mentira?!
- Sério. O anel tinha um diamante enorme, lindo demais!
- E ele podia pagar por isso?
- Tá, o diamante não era tão grande assim, mas ele pediu de uma forma tão linda que eu comecei a ver tudo como se fosse perfeito, entende?
- Acho que sim... Mas como ele pediu?
- Estávamos saindo do restaurante, indo em direção ao carro, então ele disse que esqueceu a carteira lá dentro, me deu as chaves e pediu pra eu esperar no carro que ele já voltava. Quando abri a porta do carro, o som começou a tocar. Inicialmente eu me assustei, óbvio, mas enquanto tentava desligar, me dei conta que era nossa música de namoro. Sentei-me e só então vi um bilhete colado no porta-luvas "Escute até o final". Obedeci.
- E aí?
- Ao final da música, uma gravação com a voz dele começou a recitar aquele texto que tanto gosto, até que, no meio do texto, a gravação parou. Não entendi nada. E então ele abriu a porta do carro, ajoelhou-se e completou de onde parou "Descobre que as pessoas com que você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos..." E depois disse "Eu não suportaria a ideia de levar uma vida sem você. Se eu pudesse passar todos os dias da minha vida dizendo que te amo, eu o faria. Eu quero ficar com você até sermos bem velhinhos, e no meu leito de morte eu vou te dizer "eu te amo", e só assim poderia ir tranquilo para o paraíso. Casa comigo?"
- Ai, que lindo! E você chorou muito?
- Não sei, acordei bem na hora.
Bom demais pra ser verdade.
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