A culpada

Minha foto
Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Vestido justo, olhos pintados de preto e a boca mais vermelha que a de um palhaço. Passava perfume enquanto calçava o sapato que faltava para então sair. Estava atrasada e, como de costume, comecei a me atrapalhar. Quando estava prestes a sair, percebi que havia esquecido a bolsa. Voltei ao quarto que nem louca e comecei a procura. Em meio as voltas que dava xingando alguns palavrões e fazendo preces à São Longuinho, ao virar repentinamente notei um espelho que nunca existiu ali. Virei de novo achando estar vendo coisas e me surpreendi: ele relamente estava ali!
Olhei, olhei e olhei mais um pouco. Virei a cabeça como quem questionava como aquilo foi parar ali. Depois de ficar olhando fixamente para meu reflexo por quase um minuto, resolvi voltar a procurar a bolsa. Não consegui. Aquilo realmente prendeu minha atençao.
Continuei a olhar e a tentar entender. Não havia explicação.
Depois de um tempo naquele misterio, peguei-me admirando minha imagem. Estava realmente bela. Ajustei o vestido no corpo, retoquei a maquiagem e quando fui me afastar um pouco para ver o resultado final, o espelho pareceu-me meio embassado. Estranho, há menos de um minuto estava perfeito...
Voltei a procurar a bolsa e finalmente a encontrei. Antes apagar as luzes e fechar a porta, dei mais uma conferida no visual e só pude ver um reflexo escuro e ainda mais embassado. Mas como, Senhor?
Sentei-me na ponta da cama e comecei a chorar descontroladamente. Não era eu, não podia ser. Só conseguia ver coisas ruins naquele reflexo. Parecia que era uma sombra. Uma sombra vazia.
Chorei, me questionei e chorei. E só então percebi... era a consciência!