A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Sinto-me viva!

Nada pior para um escritor que uma boa dose de felicidade, pura e escancarada. Aliás, minto. Há, sim, coisa pior: um grande amor correspondido.
Deus do céu, por que este esplendoroso sentimento nos acomete, deixando-nos reféns do clichê?
Digo isso porque tudo o que penso em escrever ao meu amor soa clichê. Darei um exemplo: os olhos do meu amor brilham ao ver os meus, e seu sorriso para mim é diferente do que distribui aos demais.
O meu amor segura firme a minha mão e me beija respeitosamente a testa, mas volta e meia, quando pensa que ninguém está olhando, me faz um carinho indecente. E sempre tem alguém olhando. E eu sempre morro de vergonha. E ele sempre ri do meu embaraço. E eu sempre rio junto. Porque sim.
O meu amor me deixa aflita em sua ausência, e entendo por aflição aquelas fortes palpitações, embrulho no estômago, ansiedade, unhas roídas, e muitas olhadas para o relógio... Mas como é que eu pensaria sentir essa coisa ruim quando estou acariciando sua nuca com aquele cheiro tão dele enquanto dançamos?
O meu amor às vezes me irrita por não saber respeitar os poucos momentos nos quais quero calar-me, mas passo a entendê-lo quando vejo-o quieto: questiono-me/o logo sobre o que pensa, o que quer, como está ou até se me ama. Aí a gente ri. É tão óbvio.

Estou numa fase na qual venho fazendo mudanças em meu vocabulário, e decidi agora que farei mais uma: ao referir-me ao meu amor, não mais o chamarei clichê. Chamarei-o óbvio!

É tão óbvio meu amor por ele e seu amor por mim!
É tão óbvio o motivo dos meus sorrisos estarem maiores e as risadas mais longas!
É tão óbvia a minha mudança no jeito de levar a vida e também na forma de ver o mundo!
É tão óbvio que a minha fé tenha aumentado, e que minha gratidão à vida tenha se multiplicado! 
É tão óbvio que toda a saudade e aperto no peito são simplesmente sintomas daquele tal sentimento do qual tanto falo - e, por sorte (ou merecimento), vivo.

Como escritora, poderia dizer que é algo mau...
Mas olha, eu vou tão bem! Aliás, vou com meu bem!
Daria um "tchau", mas acho mais propício um "adeus". Porque com meu bem, não vou ali, eu vou além!

Amém!