Sem essa de mês novo, ano novo, estação nova... Tudo é uma coisa só!
Menos o mês de dezembro.
Teria diversos motivos para gostá-lo se acreditasse nessa tola e inaceitável passagem de tempo que o resto do mundo parece aderir.
Mas é que eu abro uma exceção.
Abria.
No último dezembro, acordei otimista, como costumava fazer todos os anos.
Abri os olhos, sorri pro meu amor, tasquei-lhe um beijo, fui ver as horas e, consequentemente, vi a data: dia primeiro de dezembro! O sorriso se alargou e comecei, então, a contagem regressiva para o meu aniversário.
Queria apenas que o dia seguisse naquele ritmo, mas nem tudo é como desejamos - confirmo isso a cada dia.
Uma pequena briga.
Palavras que, como de costume, não deviam ser ditas.
Uma despedida nada amigável.
Algumas horas depois, o coração pesou.
Liguei:
- Desculpa. Dorme lá em casa pra gente se acertar?
- Durmo.
"Por que diabos não deixamos pra depois?" - endago-me toda vez que lembro deste dia primeiro de dezembro.
- Talvez seja melhor mesmo a distância...
- É por causa dele, não é?
- Não.
- Você gosta dele?
- Muito. Como um bom amigo.
Sufoco.
Um estalo.
Palavras letais.
Um olhar ardendo sem aquecer.
E outro numa eterna busca por um motivo razoável. Ou qualquer.
Aquele dia primeiro de dezembro...
Aquele dia em que tanto nos magoamos.
Aquele dia em que se iniciou em mim uma profunda mudança.
Aquele dia pelo qual lamento apenas uma coisa todo santo dia: meu amor estava errado.
Aquele dia em que despedaçaram meu tão terno coração por conta da incerteza.
E hoje, passado mais um dia primeiro de dezembro, ainda dói saber que meu amor, por mais que imaginasse todo o carinho que lhe tinha, nunca o soube receber.
Outra coisa que mudou, é que agora oro muito na entrada do mês doze.
A outra coisa que mudou, foi o que restou.
P.S.: Como é que tem gente que não acredita nisso de inferno astral?