A culpada

Minha foto
Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

sexta-feira, 7 de março de 2014

Pela segunda noite consecutiva, sonhei com você.
Nomeei tais sonhos como "sonhos assombrados", pois não poderia chamá-los de assombrosos. Eram normais. Era como se a vida fosse boa e normal, como já foi, só que com um detalhe a mais: medo.
Nos meus sonhos, eu tinha medo.
Muito medo.
Medo de você. Medo de te ver. Medo que me visse.
E quando estávamos juntos e esses medos precipitados passavam, eu tinha medo simplesmente de estar ali.
Medo e desconfiança. Nem em sonhos eu confio mais em você, e olha que eu tentei... E como tentei!
Desconfiava que tudo fosse uma farsa, desconfiava das tuas mais sinceras verdades e chorava pelas tuas tão evidentes e habituais mentiras.

Bem, isso difere na vida real.
Já não choro há tempos. Não sei por falta de tristeza ou por falta de coragem para assumi-la.
Você me tocava e eu recuava, e só depois do teu olhar dizendo que estava tudo bem, eu lhe dava a mão, por mais que não mais acreditasse nos teus olhos ou nas tuas falas. Não ousaria te contrariar mais uma vez.
Isso, nem em sonho.

A única parte pior que as demais, foi o despertar.
Acordei atordoada, me mexendo muito, com a respiração ofegante e apalpando todo o  resto daquela cama de casal naquele quarto quente, para saber se não estavas ali.

Não estava.

E eu não sei  se as lágrimas que correram por meu rosto após tanto tempo foi um alívio porque tu não estavas lá ou um lamento por tal constatação.
Só sei que doeu.