A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

A areia estava tão gelada que senti câimbras ao encostar os pés, mas prossegui a caminhada. Sentei-me um pouco e fiquei ouvindo o barulho do sol. Aguentei pouco tempo e logo fui para o mar.
O mar estava tão quente que tive que voltar para buscar meus chinelos, senão queimaria os pés.

Tá tudo errado.

Por que ela? Por que? A culpa é dela. Só dela. É ela.
Aqueles grandes olhos azuis e envolventes não tem a cor do mar. O mar tem a cor daqueles olhos. O mar os copiou não só na cor: copiou também todo aquele enigma. Eu não sei como me deixei enganar por aquele olhar. Não sei como ainda me deixo enganar. Acho que me eu me engano, na verdade...

E o Sol, assim como ela, parece não contentar-se apenas com a grandiosidade, com o brilho e com o calor que provoca em todos que estão por perto. Precisa gritar, ensurdecer, roubar a cena. A quentura e os gritos causavam tontura. E eu estava - e era - tonto por ela.

A areia eu não suportei pela frieza, mas a frieza dela eu estou disposto a aceitar. É pessoal, eu sei... Mas e daí? Eu coloco os chinelo e ponho os pés, as mãos, o corpo e a alma nela. Em meus melhores sonhos, claro...
Porque na vida real eu calcei os chinelos e nem consegui colocar os pés no chão pois era frio demais. O que faria com que com ela fosse diferente?

Eu odeio a praia. Não combina com essa vida onde é inverno o ano todo.