A culpada

Minha foto
Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Descobri que era ruim quando eu não sabia.
Descobri que era ruim quando eu não sabia o que sentia.
Não sabia o que sentia ao pensar no seu rosto daquele ângulo tão assustador e surpreendente, se assim posso dizer.
Acho que não posso. Nem foi tanta surpresa assim...
Aliás, foi, sim. Sabia que era possível, mas não achava que era provável. Quer dizer, não tão provável.

Pensando agora, não consigo destingir o calafrio inevitável e a tremedeira que está dificultando a digitação desse texto. É tristeza? É mágoa? É nojo? É medo?
E se for, é medo de que?
Medo de você? Medo dos demais que passarão por minha vida? Ou medo de mim que ainda não consegui te odiar por mais de um minuto?

Ao menos descarto a raiva. 
Coisa triste! Pedi tanto a Deus para contrariá-lo e sentir ira.
Seria tão mais fácil.
Mais fácil de seguir, de fazer minhas coisas, de esquecer cada vez que lembrasse...
Mas o estalo no rosto escoa em minha cabeça toda vez que eu lembro. E os teus olhos cheios d'água não saem da minha visão. E eu sinto inveja, pois eram lágrimas de ódio.

Ah, que ódio que eu sinto de você!
Ódio de já ter sido tão feliz, de ter criado tantos planos, ter tido tanta esperança.
Não sinto ódio por tudo isso ter terminado, sinto ódio por ter sentido, mesmo.
Se terminasse e eu sentisse apenas metade do que sinto, não haveria motivo pra esse desgaste emocional.

Mais que ódio, eu sinto pena.
Pena de você, por ser tão abominável.
Pena de mim, por não te abominar. 

Pena de mim, por ter sofrido tanto e por sentir enjoo nesse exato momento por conta da lembrança.
Pena de você por causá-la. Que sono culpado, que vida infeliz. Tenho pena.

Acho que estou feliz. Não nesse exato momento, mas estou.
Incrivelmente feliz. Não dá pra crer, mesmo.
Mas deixa eu fingir, deixa eu rir à toa, deixa eu forçar essa felicidade, antes que se torne uma tragédia.

Deixa eu viver! Deixa eu continuar acreditando no meu conto de fadas!
Deixa eu ter minha filosofia bonita e um tanto quanto falha de que todas as pessoas mudam!
Deixa eu dormir em paz, sem te ver toda noite nos meu piores sonhos!
Deixa! Deixa! Deixa!
DEIXA PRA LÁ!

Respira e dorme em paz, que eu já deixei.
Deixa pra lá, seja lá o que for.
Porque eu não sei o que é, só sei que se não for ruim, vai ser.

Que não seja nada.