De repente ouviu alguém o chamar por um apelido que não ouvia desde a faculdade...
- Ô Marconete!
Olhou pra trás assustado e bem surpreso. Fechou um pouco os olhos como quem tenta reconhecer alguém. Em sua direção vinha um homem bastante familiar com os braços abertos.
- Eduardo?
- Porra, achei que não ia me reconhecer!
- Caralho, irmão, como você tá?
- Eu tô bem, e você?
- Também tô!
Um analisou o outro por volta de vinte segundos.
- Mas fala aí, tá indo aonde assim, todo engomadinho?
- Tô indo pro escritório. Resolvi trabalhar com meu pai. E você, tá fazendo o que da vida?
- Ah, eu tô desempregado...
- Pô, que chato, cara.
- Nem tanto, ainda tenho tempo pra pegar aquela praia de sempre - riu descontraído.
- Pois é, eu não descanso há um tempo...
- Imagino. Vamo comer alguma coisa, tem uma lanchonete muito boa aqui por perto.
- Pô, cara, te falar que to mega atrasado... Mas aceito tomar um café.
- Bora, então.
Chegaram no café.
- E ai, tem visto alguém da facul?
- Não... E você? Ah, e a Marcinha, aquela tua namorada, tem notícias dela?
- Tamo junto até hoje, pô.
- Sério?
- Sério!
- Caraca!
Conversaram cerca de 5 minutos...
- Então, cara, tenho que ir pro trabalho.
- Beleza, vai lá. Me dá teu número pra gente marcar alguma coisa!
- Claro! Aqui meu cartão. - Entregou a ele e sorriu cortês.
- Então te ligo esses dias, já é?
- Pode ser! Falou então, cara! Até logo!
- Até...
Viraram as costas e cada um foi pra seu canto... Quarenta segundos se passaram, aproximadamente.
- Marcos!
- Oi! - Virou-se surpreso.
- Tu tá feliz?
- Como assim? Claro que tô.
- Mó solzão e você ai de terno. Não tem tempo pra conversar nem com um bom amigo, acha que tomar um café é o suficiente. Tomar um café leva cinco minutos, e esse é o tempo que você tem disponível no seu dia.
- Não é bem assim, né, cara.
- Não é? Você tá com quantos anos? Trinta e cinco? E não tá de aliança. Trabalha tanto que ainda tá solteiro. Ou tá namorando?
- Não, não... To solteiro mesmo. Mas é porque eu quero!
- Sem essa, cara.
- Ah, e você? Em plena segunda-feira você tá andando na rua de chinelo e bermuda, desempregado, não quer nada da vida... Você realmente acha que tá melhor do que eu?
- Eu tenho tempo pra mim, pra minha esposa...
- Tem tempo até demais.
- Eu sou feliz, cara. Você não tem tempo nem pra isso.