A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quando eu nasci, puseram em mim um coração. Simplesmente puseram, sem dizer uma única palavra, sem dar uma explicação.
Com o tempo, disseram-me sua utilidade. Era algo relacionado a sentimentos e, principalmente, ao amor. Não entendi, então me disseram que eu entenderia com o tempo.

Cresci.

Muitas coisas mudaram em minha vida desde a época da incompreensão até os dias de hoje. A cada segundo milhares de coisas saem de seus respectivos lugares e tomam formas diferentes. Pessoas entram em minha vida com muita facilidade e saem dela com mais facilidade ainda.
Conheci a amizade, mas ela pareceu não me conhecer; Conheci a riqueza, mas foi-se com o tempo; Conheci esse tal de amor, mas... Mas nesse caso o meu coração não foi útil. Do que me vale ter um coração nos dias de hoje?
Eu ainda tenho um coração, mas não é o mesmo que tinha ao nascer. Meu coração foi trocado milhares e milhares de vezes e está cada vez mais limitado.
Então disseram-me que posso, com a ajuda da esperança, recuperar meu primeiro coração.
Não tenho mais esperança.
Mas se a esperança é a última que morre, o que falta morrer antes dela?

Adeus.