A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Sinestesia.

Disse um adeus calado, enxugou as lágrimas que nem saíram do rosto, virou-se, bateu a porta e, ainda de costas, apoiou-se nela.
Deslizou até o chão com os olhos cheios d'água e ali ficou por um bom tempo, sentindo o cheiro cinza do inverno interior.
Não fazia movimentos bruscos, não mudava a expressão e lágrima alguma caia enquanto pensava nas palavras negras e frias que poderia ter dito. Apenas fechava os olhos com força para ver se a agonia passava e alguma lágrima escorria por seu rosto.
Nada.

Após certo tempo sentada apoiada na porta, levantou-se. A vida tinha de seguir.
A fome bateu.
E foi com o cheiro quente do café que lembrou-se do ocorrido, e só então deu-se conta de que não estava triste. Estava com raiva.
Não ficou decepcionada, magoada, desesperada ou qualquer coisa do tipo. Apenas sentiu raiva.



Tem coisa mais triste?