A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Morte súbita

Entrou no quarto, fechou a porta sem nem mesmo virar-se para ela e deslizou rumo ao chão, aos prantos.

Tinha tido um dia normal.

Levantou-se, tomou banho, fez seu desjejum e escovou os dentes. Tentou ler alguma coisa das tantas que precisava ler, mas distraiu-se com a tv. Atrasou-se para o almoço e arrumou-se vagarosamente, mesmo com a falta de tempo. Saiu. Cumpriu suas obrigações diárias. Encontrou alguns amigos, conversou sobre algumas coisas, debateu sobre outras e riu diversas vezes. Fez seu longo caminho para casa, checou a caixa de correspondências, subiu e entrou. Não pôde deixar de sorrir para a recepção calorosa de seu cão e seguiu para seu quarto.

Nada demais aconteceu.

E chorava.
E chorava.

E
chorava.

Pensou, no início, não entender a si mesma.
E logo entendeu.
Culpa dos dias normais.

Bons mesmo são os dias atípicos, aqueles nos quais ele está, nem que seja acenando de longe, nem que seja ignorando sua amada que também o ama.

Engole esse choro, menina! Ninguém disse que o amor seria fácil ou justo.
Só que seria amor.

E é.