A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Fui traída.
Descobri por meio de fotos, vídeos e outros tipos de recordações.
Ao ver tudo aquilo, eis que algumas lágrimas surgem e descem por meu rosto.
Foram elas que me traíram. Malditas lágrimas que teimaram em descer.

Coitadas.
Foi inevitável. Claro que desceriam.
Mas chegaram aos lábios com um delicioso gosto de carinho.

Como ouviria eu a tua voz de sono e não morreria de rir?
Como conseguiria ver as nossas fotografias felizes e bobas e não dar um sorriso triste?
Como lembraria do nosso sorvete napolitano sem sentir o gosto do morango queimando o céu da boca pela quantidade exagerada de sorvete que foi posta na colher?
Como leria tua carta de caligrafia tão caprichada dizendo que sou tua princesa sem lamentar que não sejas um príncipe?
Como veria o teu sorriso e não lembraria que já fui a causa dele?
Como não pensar que já fui também a causa do teu choro e você do meu?

Complicado.
Mas não precisa ser.

Não há mais confiança.
Não há mais paixão.
Não há mais o nosso lindo amor eterno.
Mas há carinho. Pelo menos em mim.
E, se um dia te conheci de fato, creio que em ti também.

Não há respeito. Mas ora, por que não?
Não há amizade. Mas terá de ser assim pra sempre?
Não tem volta. Mas e perdão?

Já teve. Falo por mim.
Fale por você. Fale alguma coisa!
Aperte a minha mão, olhe nos meus olhos! Se quiser, me abrace. Vou adorar!
Sorria pra mim, me conte como foi seu dia e como vem sendo a sua vida.
Me conte que estás feliz e então comemoraremos juntos nossa simultânea felicidade separada.
Me diga que está arrasado, que tudo vai de mal a pior e eu tentarei fazê-lo sorrir, e se não conseguir, choro contigo e serei teu amparo.

A única coisa mais torturante que perder o possível amor de sua vida, é perder um confirmado bom amigo.
Não façamos os dois.
Deixemos que o coração descongele por completo e se livre de todo peso, antes que perca o tal do turu-turu.