A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

domingo, 20 de novembro de 2011

Andava desatento pelas ruas da Gávea e então, acidentalmente, chutei uma pedra. Segui chutando-a por um pequeno trecho do caminho. Sinal fechado. Parei. A pedra estava um pouco a minha frente, tinha formato de coração. Fiquei sorrindo discretamente. O sinal se abriu e, por incrível que pareça, carro algum passou por cima de minha pedra. Ela ficou ali, imóvel. Andei para atravessar a rua mas parei por alguns segundos para observar a pequena pedra. Não era, nem de longe, um coração.
Continuei meu caminho em direção ao bar. Era aniversário do Alfredo, íamos comemorar. Pra falar a verdade, eu nem o conhecia direito, só fui porque a Camila me convidou. A Camila? Ah, a Camila! Éramos amigos há, sei lá, 6 anos? Era linda e doce que só ela. Sempre tive certo interesse nela, mas nunca pareceu recíproco. Quando começou a namorar, isso ficou mais evidente, então deixei as segundas intenções de lado. Mas ela terminou o namoro recentemente, então voltamos a ser tão íntimos quanto éramos antes. Só que agora, além de conversarmos sobre as coisas habituais, ela se abre pra mim. Diz até que só consegue ser tão sincera assim comigo, que me conta tudo e que sou o melhor. Acho que agora o interesse é recíproco, não tem como não ser.
Duas semanas se passaram e eu continuei sendo o amigo atencioso, compreensivo, engraçado e gentil que toda mulher gostaria de ter. Tinha certeza que em pouco tempo sairia da área da amizade, mas não queria forçar nada. De repente, ela começou a se afastar... Pouca coisa, mas se afastou. Fiquei aflito, claro, mas preferi pensar "Ela saiu recentemente de um relacionamento e pode não estar pronta para outro logo tão cedo". Dei o espaço que ela queria. Tentei me manter longe na medida do possível.
Voltou com o ex.
Lembrei-me então da pedra que chutei a caminho do bar na Gávea e então me dei conta do meu maior problema: Eu vejo amor onde não tem.