A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Chegava sempre sem avisar e, ainda assim, despertava sempre um sorriso em quem a recebia, por mais importuno que fosse o momento. Era doce, alegre, bondosa. Não guardava mágoas porque nunca teve nenhuma, e só não sentia raiva por falta de capacidade.
Era carinhosa e isso era evidente, apesar de não ter a necessidade de demonstrar carinho todo o tempo. Aliás, era até raro, mas quando vinha, o sorriso deixava de estar só nos lábios, agora todo o corpo lhe ria e transbordava felicidade: as mãos gargalhavam incontrolavelmente, os pés davam risadinhas abafadas e da barriga fugiam todas as borboletas que faziam um som de risada gostosa e escondida.
E ela apenas sentia prazer em causar essas reações. Nunca cobrou nada parecido. Nunca esperou nada parecido. Deve ser porque sabia que não existia nada que se assemelhasse.
Nunca cobrou nada de si mesma para impressionar os demais. Era confiante, sabia que tudo daria certo se apenas desse tudo o que tinha a oferecer.
Não tinha preferencias, era apenas assim, não importava a pessoa. Era doce, muito doce. Mais doce até que o famoso doce-de-batata-doce. Era tão suave quanto a brisa que bate nas pedra do arpoador debaixo de um sol de 40º. Era simples, era sutil. Alias, poderia ser definida apenas com a palavra 'sutil'.

Tão sutil quanto o amor.