A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

terça-feira, 5 de abril de 2016

Memória sensitiva

É quando ela me anestesia que tudo começa.

Mal podia sentir meu pés ou minhas mãos, mas enquanto estas percorriam instintivamente seu corpo voluptuoso, sentia bem os lábios que percorriam meu pescoço.
Por vezes pensei ficar estático enquanto respiravas ofegante em meu cangote e acariciava meus braços firmemente: sentia apenas aquela pulsação ardente, e pensava apenas em tê-la ali, naquela hora, e consumi-la, também ali. 

Sinto-me imóvel.
Extasiado.
Anestesiado.

Mas parece que meu corpo ainda sabe os caminhos do teu.