Sentou-se no chão e começou a chorar sem aparente motivo. A família ficou preocupada, visto que não fazia isso desde a infância. Quando questionavam o motivo, dizia apenas não saber e continuava com o chororô. Nariz escorrendo, rosto avermelhado, olhos inchados e falta de fôlego. Pediu para ficar sozinha.
Quando parou para pensar no real motivo de sua tristeza, viu que na verdade não havia tristeza alguma, só solidão. Não que isto não seja triste, mas pra ela era indiferente. Tanto fazia viver sozinha ou acompanhada. Tantas pessoas passaram por sua vida e saíram que agora não importava mais. Aliás, essa era a única coisa indefinida que havia em sua vida: as pessoas. A aparência era sempre a mesma, o humor era sempre bem definido, os sentimentos eram sempre muito sentidos, mas até mudar de humor, de pensamento ou de sentimento, ficava um vazio enorme em seu interior. Por mais forte que fosse, não conseguia mudar em tão pouco tempo e para não ter meio termo, preferia não sentir, não fazer, não ser.
Mas se isso nunca a tinha incomodado, porque estaria agora? Descobriu o motivo. Riu-se, pegou o telefone e ligou para aquele que é capaz de preencher cada espaço vazio em seu coração sem o mínimo esforço.
E mais uma coisa fez-se extrema em sua vida: A dependência.