Deito, me cubro e acendo o abajur do criado-mudo que fica ao lado esquerdo da minha cama - justamente o lado no qual não durmo. Acendo a terceira e última parcela do cigarro que foi feito ao meio-dia e constato com um triste e verdadeiro sorriso: o gosto do teu cigarro não saiu da minha boca. O cheiro da tua fumaça ainda invade o meu quarto, mas se esvai pela janela... Aquela janela que você sentava pra fumar.
Acho que não fumo pelo vício, fumo mais pela lembrança.
Pelo menos antes de dormir.