A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Segu(i)ndo a lei

Levava uma vida socialmente tranquila e particularmente conturbada.

Amigos, amores, paixões, e vícios: tudo sob controle.
Dívidas e pendências? Já não sabia o que era isso há tempos, estava tudo quitado.

Corpo e coração inquietos. Mas ora, isso é reflexo da juventude.
Pedia a saideira (por sua conta, claro) para poder ir rumo a outra diversão, a noturna. E enquanto esta não chegava, ia ao banheiro, e voltava sorrindo com entusiasmo para seus companheiros de noite.
E ia.
E a noite começava e terminava sempre do mesmo jeito. O que mudava era a companhia ao acordar.

Acordava. E mais uma vez tudo se repetia.
O eterno retorno retornava eterna e perturbadoramente.

"Está tudo sob controle", dizia com os olhos marejados.
Pobre ser.
Vida e consciência, ambas nada tranquilas e quase que inexistentes.

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