Quando tinha lá para os dezoito anos, ouviu de todo mundo "essa faculdade de música não vai te levar a nada", mas resolveu arriscar e fazer o que lhe dava prazer. Aprovada. Ingressou na faculdade. Começou a trabalhar num escritório para poder ter um pouco de independência. Lá conheceu José, filho do dono do escritório, advogado recém-formado e de ótima aparência. Namoraram. Com seis meses de namoro, ele quis ter mais intimidade, convidou-a para morarem juntos em seu apartamento na Zona Sul. Os pais dela não apoiaram. "Você é muito jovem, minha filha. Além do mais, vocês nem se conhecem direito. Com seis meses não dá pra se saber caráter de ninguém." Estava apaixonada e decidida a ir. Fez as malas. "Se for, não volta mais pra casa. Isso que você está fazendo se chama dar-as-costas-pra-família." Deu as costas pra família e foi.
Ficaram em harmonia por 2 meses, e então começaram as brigas. "Essa faculdade não te faz bem. Te dou tudo o que você quer, você não precisa trabalhar ou estudar. Larga essa merda ou eu te largo." Largou a faculdade.
As brigas voltaram a se menos frequentes por um breve período, e depois tudo voltou a ser como era. No quinto mês que moravam juntos, a casa caiu. O relacionamento beirava o insuportável. Terminaram e, consequentemente, ela ficou sem emprego. Não podia voltar pra casa, foi morar com uma amiga. Teve de arranjar um emprego pra poder alugar alguma coisa em breve, para não incomodar tanto a amiga.
Conseguiu um emprego numa loja. Ganhava razoavelmente bem, mas não o suficiente para se manter sozinha. Conheceu um cara legal que também se interessou por ela. O caso durou dois meses. Ele era tudo o que ela procurava, mas não podia se dar o luxo de se apaixonar por um cara sem grana nessa altura do campeonato. Não conseguiu voltar pra faculdade, mas encontrou um conjugado pra alugar. Alugou e continuou a trabalhar na loja para pagar o aluguel.
Hoje tem trinta e quatro anos, trabalha numa loja de móveis, mora num apartamento alugado e simples, porém bem aconchegante.
- Queria que fosse diferente...
- Mas e se fosse pior?
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