A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

- E a filha da minha patroa que tá namorando menino de morro e a patroa tá de preconceito?
- Ah, menina, normal isso. Meu filho sofreu muito preconceito no asfalto já, por isso que prefiro minha terra pertinho do céu!
- É, num troco meu morrão por niuma cobertura no lebron, não.
- Ah, nem eu, minha filha! Churrasquinho todo domingo, cervejinha geladinha sempre, as amizade...
- As criança tudo correndo livre, jogando bola, saltano cafifa... Isso é infância!
- Nem fala. O filho mais novo da minha outra patroa fala com a madame por telefone, sendo que tão na mesma casa.
- Pô, e minha patroa que tá com muitas dificuldade agora? Já falei "Por que a senhora não vai pra um apartamento mais barato? As criança tão ficando tudo sem roupa e calçado..." Ai ela fala que morar na Atrântica não tem preço.
- O que mais tem por ai é madame pobre, minha filha.
- É verdade. Fazem nada da vida mas querem continuar tendo vida de luxo, e nós que trabalha pra caramba, rala que nem cachorro tem nem metade do que essa gente tem.
- Mas é aquela história, né: A gente sabe o que é ser feliz!
- Não sei, não... Meu marido tá trabalhando naquele restaurante bacana ali na rua de baixo, tá sabendo?
- Tô sabendo... E ele tá gostano?
- Ih, tá nada! As madame que são dona de lá resolveram deixar o restaurante aberto 14 horas, sendo que as gracinhas não querem ficar muito tempo lá e não querem contratar mais gente, ai sobre pra quem? Adalberto!
- Mas menina, ele tá trabalhando quanto tempo por dia?
- 10 horas, Neuza, 10 horas. 2 horas a mais que o combinado, sendo que ele faz uns bico de madrugada pra não faltar muita coisa pras criança. Ele nunca tá em casa. Sabe quanto tempo não fazemo nada junto? 8 mês, Neuza, 8 mês.
- Deus do céu! Mas por que ele não processa essas mulher?
- Com que dinhero? Tem dinhero pra adevogado, não. Trabalha mais do que respira e não tem dinhero nem pra comprar seus direitos...
- É, minha filha, o mundo tá assim hoje, difícil pra todo mundo que não tem bem muita grana... E as criança?
- Tão triste, né. Porque além de nós não poder comprar as coisa que elas pede elas quase não tem mais pai agora.

Efeitos do capitalismo.

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