A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

AM

Às vezes dá vontade de entrar na igreja com véu, um vestido branco com a cauda bem longa e dizer "sim" pro único que terá meu coração para o resto da vida (teoricamente).
Mas às vezes dá vontade de ficar assim, com o cabelo solto e um vestido azul rodado, andando por aí despreocupada e atentando-me somente quando vem um vento. E então, seguro o vestido pra não mostrar ainda mais, deixo os cabelos embaraçando-se livremente e cerro os olhos para que nada me cegue ao ver o quão bela a vida é ao sentir aquela brisa boa, leve, despreocupada... Quase tão despreocupada quanto eu.

Os dias são bons de sorriso aberto, cabelos ao vento e de vestido e coração solto, mas é inevitável: à noite eu sonho com o vestido branco de princesa e com o buquê nas mãos.
A noite vem e traz esse sonho que de dia parece pesadelo. A liberdade é tão mais bela durante o dia... Sinto-me como um pássaro que escolhe uma árvore bem ao longe e então pousa.

À noite dá medo de voar.
Tem morcego em muitas árvores, e até achar uma livre...
Eu é que não quero ficar de galho em galho.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

X

Tenho certeza que um dia, mesmo longe, lembrar-se-á de mim, mesmo que contra a sua vontade ou forçando-a, e lerá isso.
E ao ler isso, saberá que é pra você. E saberá também que todo o resto foi.
É e sempre vai ser tudo sobre você.

Essa talvez seja a melhor mentira que contei. Ou a única verdade de meus contos.
Infelizmente, verdade.
Que Deus me perdoe, mas eu não queria ter vivido esse amor. Esse amor que me deixa melancólica, chorosa, sofrendo a cada novo amor por conseguir amar somente a ti.
De tanto te amar, passei a me odiar, e isso dói.
Te amar dói.
Sempre soube que doeria, mas nos filmes a dor é tão bonita... E, bem, disso não devo me queixar, não me iludiram nem um pouco: a dor é realmente linda! É a dor de ver um sentimento tão bonito de uma outra perspectiva e continuar admirando. Quer algo mais poético?

De todos os meus amores, foi o único que amei.
E por quê tive outros? Ah, talvez pra viver a minha vida, ser jovem na minha juventude, sofrer o meu sofrimento... Ou talvez devesse ser assim. Nada é por acaso, lembra?
Talvez, se estivéssemos juntos hoje, houvesse ainda a beleza, sem precisar de tamanho sofrimento, mas quem teria tanta certeza de que realmente era belo?

Eu sempre fui de pedir muita coisa, confesso. Mas nunca fui de exigir nada, você tem de confessar. Mas hoje eu exijo uma coisa: Certeza. E tenho a certeza plena desse amor sempre comigo.
E continuo pedindo menos dor, mas dou-me por vencido em nome da beleza e da certeza.

Talvez exista o final feliz que eu tanto acredito...
Ou talvez você passe a acreditar também e veja que ele já chegou.
E talvez eu aceite, sorria, te abrace acariciando as costas e te tratando como um bom colega para o resto da vida, para não te perder por completo.

Ou talvez eu exija o meu final feliz clássico, aquele que toda princesa sonha. E não há de existir príncipe melhor que você, essa certeza eu também tenho.
Mas talvez você queira procurar uma princesa melhor que eu, uma que tenha o pé do tamanho do sapato que você oferece de forma tão simples e bonita; uma princesa que não calce tantos sapatos por aí, só o seu.
Talvez você mereça uma princesa de um sapatinho só. Talvez uma princesa tão complexa não caiba na sua bondade tão simples.

Pega tuas coisas e vai.
Toma aqui o teu coração!
E não precisa devolver o meu, talvez eu esteja bem assim.
Acredita que o final feliz chegou.
Mas muda de idéia depois, tá?

Até mais.
Vê se aparece!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

IX

Hoje eu atravessei a ponte em um minuto lendo o livro de um namoro longo de um dia só.
Em certa página do tal livro, Carlos me mandou uma mensagem.

"Depressa, que o amor
não pode esperar!"


Sim, foi pra mim, ele sabia que eu precisaria.
E Marcelo começou a tocar uma linda melodia em meus ouvidos, coincidentemente.
"Saudade".

A lágrima não chegou a cair, mas estava ali.
Estava ali se guardando pra despedida que estava por vir.
Despedida de um amor tão bonito.
Tão bonito...

Drummond nunca foi tão bonito.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

VIII

A dor no coração agora o faz transbordar. E chora.
E grita.
E só quer ter voz.
Até que encontra uma risada para tentar disfarçar o choro.
Mas ele insiste.
E grita mais.
E soluça.
Palpita rapidamente, como se tivesse pressa até para chorar, mas depois vai devagar... Devagar quase parando...
E para.

Bate coração! Bate, por favor!
Logo você que não é de apanhar e deixar por isso mesmo...

E realmente bateu.
Bateu forte.
Bateu até antes do tempo.

A saudade.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

VII

Talvez esteja na hora de voltar ao médico...
O aperto no peito vem tornando-se frequente e cada vez mais literal, a enxaqueca vem aumentando e trazendo junto o enjoo e a pele já não fica mais lisa de tanto calafrio.
Ás vezes sinto a boca seca, mas, ao pensar em beber água, o corpo mole que vem tomando conta de mim não me deixa sair da cama e, quando deixa, ao entrar em contato com a água fria, o calafrio perde as duas primeiras sílabas e necessito de pelo menos mais um edredom para suportar o inverno carioca.
Sinto também um pouco de dor na vista ao ficar muito tempo no computador, o que é horrível, tendo em vista que é minha única distração, pois, enquanto sinto um monte de sintomas e sentimentos feios, consigo transcrevê-los de forma quase bonita. Tudo bem, de forma que dê para ler sem sentir nojo, enjoo ou pena.
Pena da saúde que nunca foi lá essas coisas e que vai de mal a pior.
Pena da cabeça que não anda regulando muito bem.
Pena do coração que mais apanha do que bate na luta contra a razão.
Pena dessa razão tão errada de fazer as coisas.
Pena dessas coisas tão sem motivo que me motivo a fazer e choro logo depois.
Pena desse choro sufocado, sem lágrimas, que deixa apenas o nariz escorrendo e a cabeça doendo.
Pena desse ciclo sem fim.

Pena desse médico que toda hora tem que me dar receita pro remédio controlado.

terça-feira, 16 de julho de 2013

VI

Eu resolvi que iria te esquecer. Resolvi que seria melhor não mais te ver, não mais te ligar, não mais procurar saber de você.
Resolvi não me importar em saber se você estava bem e também não me preocupar com o que se passava pela sua cabeça sempre confusa nesse turbilhão de sentimentos.

E doeu.

Doeu ver as chamadas perdidas ao acordar, doeu não retorná-las, doeu não te mandar ao menos uma mensagem de texto.
Doeu pensar no teu choro e no amor que provavelmente sentes e que agora lhe causa tamanha dor.

Pode não parecer, mas dói tentar te esquecer.
Mas sabe o que mais dói?

Conseguir.

Tá doendo.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

V

O amor na teoria.

Percebi que sou uma pessoa confusa lá pelos treze anos, quando a cada dia inventava uma definição pro amor que eu dizia sentir.
Confusa e extremista. Não podia simplesmente equilibrar todas aquelas definições até chegar a uma conclusão: Tinha de achar uma, apenas uma.
Tolice, eu sei. Hoje rio do meu antigo-eu, que não é tão antigo assim.
Não é tão antigo assim porque ainda tento achar uma definição. Não tão absolutista como antes, mas ainda me pego tentando. E para facilitar, me baseio no meu ultimo e eterno amor. Sim, eu acredito em amor pra sempre e tenho a convicção de que o meu será assim. E tenho também a convicção de que o amor que recebo também não terá fim.
Aí eu penso: Talvez o amor (ou o meu amor) possa ser definido apenas como essa mistura frenética e invasiva de sentimentos que tendem ao infinito.
Talvez...

Eu já tive outros amores.
Sim, tenho certeza de que era amor.
Mas acabou...

E agora, qual dos meus amores eu amei?
Por qual dos meus amores eu senti amor?
Quais dos meus amores foram amores?

E pensar que por eles jurei amor eterno... E hoje estou aqui, questionando o que sentia...
Que nojo!

Esconder-me-ei, então, mais uma vez, atrás de uma hipótese reconstruída, para não ser esse ser tão sem amor: O amor está fadado a morte, assim como todo amante.