A culpada

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Nenhuma literatura está livre de ficção. E nem de verdade.

sábado, 17 de setembro de 2016

Faltavam aproximadamente 15 minutos.
Enquanto observava o verde que nos cercava e fechava os olhos pra sentir o vento no rosto, constatava perplexo o quanto aquelas quase três horas tinham passado lentamente, e, ao mesmo tempo, à jato. E só me restavam 15 minutos.
Fiz uma das minhas tradicionais preces por orientação, sabedoria e calma, mas as mãos ainda suavam. 
Lembro que o céu estava azul, e as nuvens bem desenhadas, tal qual numa pintura - e mais uma vez constatei que as pinturas é que são similares ao céu, não o contrário - e eu desejei que a estrada não tivesse fim.
A música com poucos acordes que tocava no rádio parecia completar toda a saudade melancólia daquele momento que ainda nem acabara. 
Como eram lindos seus cabelos castanhos à luz do sol, e seu sono tranquilo apesar do movimento do carro. Como eu queria tê-la sempre com aquela paz e serenidade, e como eu queria que soubesse.

Chegamos.

Enquanto me perdia em devaneios, chegamos. Aquelas lindas bolotas pretas e brilhantes se abriram, e quase morri ao ser fitado por elas.
E com um sorriso que abrangia também as tais bolotas, ela se despediu.
Dei-lhe um beijo na bochecha e deixei-a ir, sem falar ao menos uma das tantas palavras que desejei ter dito. 

Por que é que a estrada tinha de acabar?